A UNIVERSALIZAÇÃO
DA INFORMAÇÃO NO BRASIL

Os Desafio da Sociedade da Informação

ALICE DE OLIVEIRA MOTA *
aomota@cict.fiocruz.br ou motaalice@hotmail.com

JEORGINA GENTIL RODRIGUES **
jeorgina@cict.fiocruz.br

LETIZIA DE OLIVEIRA MOTA ***
lelemota@bol.com.br

LUCIMAR GONÇALVES DA COSTA ****
lucimar@pinheironeto.com.br ou lucost@ig.com.br

INTRODUÇÃO

A sociedade da informação é o principal traço característico do debate público sobre desenvolvimento, seja em nível local ou global, neste alvorecer do século XXI. A expressão Sociedade da Informação passou a ser utilizada, nos últimos anos desse século, como substituto para o conceito complexo de sociedade pós-indústrial e como forma de transmitir o conteúdo específico do novo paradigma técnico-econômic. A expressão sociedade da informação,seria melhor utilizada, numa dimensão global, para identificar os setores sociais, independente de sua ubicação local, que participam como atores de processos produtivos, de comunicação, políticos e culturais que têm como instrumento fundamental as TIC (Tecnologias de informação e comunicação) es e produzem - ou tendem a produzir-se - em âmbito mundial (apud Agudo Guevara, 2000, pp.4)

Nos anos 70, os formuladores de políticas perceberam que a informação estava desempenhando um papel cada vez mais importante não apenas em setores econômicos (o aumento do número de trabalhadores na área de informação, de serviços, de produtos inteligentes etc.) mas também na vida social, cultural e política. A geração, disseminação e uso efetivo da informação estavam se tornando fatores decisivos na dinâmica da sociedade. Esta tendência ganhou ímpeto nas décadas seguintes, e deu lugar à idéia da "sociedade do conhecimento". Intimamente relacionada à "Sociedade da Informação", esta idéia estabelece uma ligação entre informação e conhecimento, mas dentro de um ambiente orientado para a competição de mercado.


O conceito "Sociedade da Informação" é útil para a sociedade civil? Potencialmente, sim - se este conceito for constituído para abarcar a plena dinâmica da informação e do conhecimento na sociedade, e for focado na promoção dos direitos humanos e do desenvolvimento social, cultural e econômico. Mas se for limitado à discussão da "Brecha Digital" e se confundir meios - tecnologias - com fins - desenvolvimento humano - então ele não é capaz de transcender suas raízes ideológicas estreitas.

No novo paradigma gerado pela sociedade da informação,a universalização dos serviços de informação e comunicação é condição fundamental, ainda que não exclusiva, para a inserção dos indivíduos como cidadãos, para se construir uma sociedade da informação para todos. É urgente trabalhar no sentido de busca de soluções efetivas para que as pessoas dos diferentes segmentos sociais e regiões tenham amplo acesso à Internet, evitando assim que se crie uma classe de "info-excluídos" (SOCINFO, 2000).

COMPREENDENDO A SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO

A sociedade da informação e do conhecimento é resultado do crescimento das inovações e das experiências, dentro de uma visão sistêmica, onde a interdisciplinaridade é fundamental para o desenvolvimento.

Compreende-se o mundo como um conjunto de sistemas que interagem visando objetivos, saindo do isolamento, da especialização para a era da agregação, da busca do comum, do global. A virtualidade acabou com as limitações de espaço e tempo, à distância e o tempo entre a fonte de informação e os seus destinatários são irrelevantes, uma vez que as pessoas não precisam se deslocar para obter informações.

Nas empresas da atual sociedade o enfoque dessa nova abordagem, em que o mundo é visto como sistemas, há uma valorização da qualidade associada à quantidade, o sucesso é garantido pelo investimento em saber, há uma valorização das pessoas competitivas e criativas , considerando, portanto, que a informação é, sem dúvida, a grande alavanca da humanidade. As tecnologias de informação são ferramentas que viabilizam a eficácia e qualidade dos novos modelos de educação, num mundo em que a tecnologia renova-se em velozmente, a informação é o mais importante diferencial das empresas, organizações e indivíduos.

Vivenciamos um momento de transição sob o ponto de vista, social, econômico, cultural e outros. Tal transição reflete a passagem de uma determinada situação a uma nova denominada de "mudança de paradigmas". As transformações em direção à sociedade da informação definem um novo paradigma, o da tecnologia da informação, que gera um processo de transformação social. É necessário promovê-la porque o novo paradigma oferece a perspectiva de avanços significativos para a vida individual e coletiva, elevan


do o patamar dos conhecimentos gerados e utilizados na sociedade, oferecendo o estímulo para constante aprendizagem e mudança.

A Sociedade da Informação está sendo gestada em diversos países. No Brasil, Governo e sociedade devem andar juntos para assegurar a perspectivas de que seus benefícios efetivamente alcancem a todos os brasileiros. O governo deve promover universalização do acesso e o uso crescente dos meios eletrônicos de informação para gerar uma administração eficiente e transparente em todos os níveis. Ao mesmo tempo, cabe ao sistema político promover políticas de inclusão social, para que o salto tecnológico tenha paralelo quantitativo e qualitativo nas dimensões humana, ética e econômica. A chamada "alfabetização digital" é elemento-chave nesse quadro (SOCINFO, 2000)

Por que é desejável promover a sociedade da informação? Passadas as primeiras reações de temor diante dos efeitos da automação dos setores produtivos, os avanços da informática e da telemática provocaram uma fase de fascinação quase infantil - felizmente em grande parte já superada - particularmente nas três últimas décadas, quando a difusão da Internet nos países industrializados deu suporte ao sonho de integração mundial dos povos por meio de infovias globais.

AS TRANSFORMAÇÕES DA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO

Segundo Castells (2000), as transformações em direção à sociedade da informação, em estágios avançado nos países industrializados, constituem uma tendência dominante mesmo para economias menos industrializadas definem um novo paradigma, o da tecnologia da informação, que expressa a essência da presente transformação tecnológica em suas relações com a economia e a sociedade. Essas transformações dos novos paradigmas têm 5 características fundamentais:

· A informação é sua matéria-prima: as tecnologias se desenvolvem para permitir o homem atuar sobre a informação propriamente dita;

· Os efeitos das novas tecnologias têm alta penetrabilidade - porque a informação é parte integrante de toda atividade humana, individual ou coletiva

· Predomínio da lógica de redes. Esta lógica, característica de todo tipo de relação complexa, graças às novas tecnologias

· Flexibilidade permite modificações por reorganização de componentes e tem alta capacidade de reconfiguração.

· Crescente convergência de tecnologias, o ponto central aqui é que trajetórias desenvolvimento tecnológico em diversas áreas do saber tornam-se interligadas e transformam-se as categorias segundo as quais pensamos todos os processos.


DESAFIOS NA CONSTRUÇÃO DE SOCIEDADES DA INFORMAÇÃO

Os desafios da sociedade da informação são inúmeros. Algumas dessas preocupações têm sido transformadas com o avanço do novo paradigma, mas aprofundaram-se as desigualdades sociais sobre o eixo do acesso à informação. O ritmo do avanço tecnológico tem sido extraordinário, mas não permite ainda superar a relação entre nível de renda e acesso às novas tecnologias.

Estes são inúmeros e incluem desde os de caráter técnico e econômico, cultural, social e legal, até os de natureza psicológica e filosófica.

Conforme o autor Leal, podemos classificá-los como perdas:

· Perda da qualificação, devido à automação.

· Comunicação interpessoal e grupal, transformada pelas novas tecnologias ou mesmo destruída por elas;

· De privacidade, pela invasão de nosso espaço individual e efeitos da violência visual e poluição acústica

· De controle sobre a vida pessoal e o mundo circulante;

· Sentido de identidade, associado à profunda intimidação pela crescente complexidade tecnológica.

Muitos destes desafios requerem compromisso político para assegurar o acesso a comunidades menos privilegiadas. Há significativos desafios a enfrentar para criar arcabouço internacional apropriado que minimize as desigualdades globais no acesso à informação. O acesso universal ao conteúdo e as fontes de conhecimento apontam para a necessidade de resolver vários outros desafios.

INFORMAÇÃO PARA CIDADANIA

O que relaciona à informação para cidadania, tem sido importante a criação de conteúdos que facilitem a vida do cidadão. Entre todos os agentes econômicos, o setor público, as concessionárias e as prestadoras de serviços de utilidade pública - nas áreas de seguridade social, saúde e educação, por exemplo - têm o potencial de ser as maiores fontes desse tipo de conteúdos. Há um vasto conjunto de informações relacionadas ao cotidiano das pessoas cuja disponibilidade seria um grande facilitador na interação entre o cidadão e o Estado, com efeitos impactantes na qualidade do serviço prestado. Podem ser abordagens bastante simples, como horários de ônibus interurbanos, condições para o parcelamento de débitos de água, luz ou telefone, disponibilidade de vagas em escolas etc. Alem de prover informações úteis ao cidadão, é possível oferecer-lhe serviços e


informações capazes de auxiliar no funcionamento de seus negócios e nas tomadas de decisão, principalmente quando se trata de pequenas e médias empresas.

A UNIVERSALIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO

O conceito de universalização tem caráter evolutivo, decorrente da velocidade do desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação e das novas oportunidades e assimetrias provocadas por esse desenvolvimento - fontes de novas formas de exclusão, que devem ser continuamente acompanhadas e consideradas.

Outro conceito de universalização deve abranger também o de democratização, pois não se trata tão somente de tornar disponíveis os meios de acesso e de capacitar os indivíduos para tornarem-se usuários dos serviços da Internet.

A universalização da informação é uma constatação, no Brasil de hoje, e que está com certeza revolucionando os setores de telecomunicação, saúde, bibliotecas e segurança pública. A ampliação que o governo federal deu nas telecomunicações possibilitou um avanço de várias comunidades de diversas partes confinadas do país. Com atual telefonia ficou mais rápido e fácil de se comunicar com todas as partes do mundo. A cada mês está sendo acrescido à rede, em média, um milhão e meio de novos acessos, entre telefones fixos e celulares. O Brasil se destaca hoje como um dos pontos de maior interesse do mundo no investimento em telecomunicações. Não só pela nossa grandiosidade territorial, mas sim pelo fabuloso desenvolvimento. Desenvolvimento este que coloca o Brasil na rota das telecomunicações mundiais, devido a um atraso nesta área. Com o crescimento do país não é mais um fato é uma realidade e o que se espera de todos é uma conscientização de que tudo será em benefício de um bem comum. O governo federal estimula a tecnologia brasileira com propósito de ser um grande produtor no mercado de bens e produtos na área das telecomunicações (VEIGA FILHO, 2001)

Nesse sentido, é imprescindível promover a alfabetização digital, que proporcione a aquisição de habilidades básicas para uso de computadores e da Internet, mas também que capacite as pessoas para a utilização dessas mídias em favor dos interesses e necessidades individuais e comunitários, com responsabilidade e senso de cidadania.

PONTOS PRINCIPAIS

è A Internet é o objetivo de todo esse crescimento na área de telecomunicações. Por esse motivo à telefonia deverá ir a todos os pontos do país uma vez que os contratos e leis obrigam as operadoras a universalizar o serviço.

è Essa universalização dos serviços telefônicos se subdivide em dois grupos:

- primeiro decorrentes da metas contratuais;


- segundo a universalização com o programa FUST- Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicação. Este ultimo será instrumento de propagação da cultura e informação da sociedade brasileira para a era digital, o acesso a Internet.

èA informação será acessada por todos, a todo tempo em qualquer lugar, tanto nas escolas como em bibliotecas. O programa FUST beneficiará bibliotecas públicas-federais, estaduais e municipais, mais de cinco mil bibliotecas do 3º setor, que é composta por ONGs, e cerca de 430 centros de difusão cultural(museus) em todo o país. Todas as localidades do Brasil terão bibliotecas e instituições equipadas com Internet.

è Os portadores de deficiência também serão atendidos com computadores apropriados para cada deficiência, ou seja, toda cultura, educação, trabalho, informação estará ao alcance de todos.

è A universalização do acesso à Internet não se encerra com o Telecomunidade cujo o objetivo maior é fazer com que o Brasil entre no século XXI com condições de usufruir os avanços.

è A criação de computador popular;

è A universalização do acesso à Internet;

è O Ministério das Comunicações também investem em outros setores das telecomunicações, estão também promovendo a universalização dos serviços de radiodifusão, especialmente com rádios comunitárias, instrumento de imenso valor na difusão local de cultura e formação de cidadania.

è A concessão de canais de rádio e televisão comerciais nas regiões que ainda não têm esse serviço.

è Unificação do Brasil

OUTROS ÓRGÃOS COM A UNIVERSALIZAÇÃO DO GOVERNO FEDERAL

O que o governo quer é não registrar o fenômeno da exclusão digital ou que não se crie o analfabetismo digital. No que se refere à saúde o Ministério da Saúde está interligando, em rede e com conectividade, todas as equipes do programa Saúde Família, as centrais de consulta e, ainda viabilizam Cartões SUS em todo Brasil. A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos com projeto piloto para possibilitar o acesso à Internet por todo o público de suas agências. Os Quiosques Eletrônicos, estarão instalados em 6 mil unidades dos Correios em todo país. O Tribunal Superior Eleitoral anunciou o resultado final em menos de 24 horas, dentro de uma eleição totalmente informatizada.


O QUE É A INTERNET HOJE E NO BRASIL

Internet hoje quer dizer acompanhamento simultâneo do que acontece no mundo, não é apenas na informação contemporânea. A Internet hoje quer dizer conteúdo de conhecimento: o que via fazer a diferença entre os países do futuro é entre os que têm conhecimento e os que não têm conhecimento. Hoje o caminho do conhecimento é a Internet. Se a Internet é conhecimento, se ela é informação, se ela é entretenimento, a Internet é também uma grande oportunidade de negócios. É importante salientar que a Internet pode ajudar no avanço dos negócios através do comércio eletrônico.

As estimativas do número de usuários da rede Internet no Brasil têm variado muito, em razão da diversidade de fontes e critérios. As estimativas mais conservadoras estão dimensionadas a partir da contagem dos pontos de conexão à Internet, enquanto as demais baseiam-se em estimativas variadas de usuários por máquina ou em pesquisas de mercado. O número estimado de usuário individuais na Internet no Brasil tem variado, para este ano, de 4 a 7 milhões, dependendo da fonte.

Em números absolutos, o Brasil ocupa lugar significativo em termos de usuários da Internet - variando entre o 12º e o 14º lugar no ranking mundial, a depender do critério -, ao passo que, números relativos, a quantidade de usuários em relação ao total da população coloca o País em 4º lugar na América Latina.

O Brasil, apesar de estar entre as 10 maiores economias pelo critério do Banco Mundial, que considera o PIB, ocupa posição muito tímida - bem distante da do grupo de países economicamente mais avançados - com relação aos percentuais de hosts por usuários e de usuários pela população.

COMO É A INTERNET PARA O MINISTÉRIO DAS COMUNICAÇÕES

Porque o Ministério das Comunicações, além de cuidar dos avanços da Infra Estrutura para o uso da Internet, tem sob seu comando a grande empresa que deve fazer a entrega destes produtos vendidos no comércio eletrônico? Porque é preciso sempre lembrar que, se a Internet possibilita um extraordinário avanço na aproximação entre comprador e vendedor, alguns têm de cuidar da entrega dos produtos. Sobre a administração do Ministério das Comunicações e dos Correios. A Internet nada mais é que um avanço de comercio mais rápido e lucrativo para o Brasil.

A INTERNET NAS COMUNIDADES

A opção mais imediata para o acesso amplo à Internet, na sociedade brasileira, está nas escolas. No estado de São Paulo esse estágio já está se concretizando, onde a Telefônica e o governo assinaram, em maio de 2000, um acordo para suprir as escolas estaduais


com acesso gratuito Internet de alta velocidade. A operadora vai investir R$20 milhões em infra-estrutura para interligar 2.170 escolas públicas e 38 Núcleos Regionais de Tecnologias (NRT), em 500 municípios, fora a capital, por meio de sua rede IP. O projeto envolve 100 mil professores e 3,3 milhões de alunos. Iniciativas semelhantes, de parte de outras operadoras, estão em formulação. Investimentos de dimensão bastante superior poderão ser viabilizados com a utilização do Fundo de Universalização de Serviços de Telecomunicações (FUST).

ALFABETIZAÇÃO DIGITAL

O nível de alfabetização digital da população brasileira é muito baixo. As oportunidades de aquisição das noções básicas de informática indispensáveis para acesso à rede e seus serviços são insuficientes. No processo de educação formal de jovens, há um esforço em curso por parte do MEC. No âmbito de iniciativas comunitárias, os esforços de viabilização de acesso tendem a incluir o oferecimento de instrução básica em informática. Para adquirir conhecimento básico em Informática, os interessados precisam recorrer a cursos pagos com resultados nem sempre satisfatórios.

O PROGRAMA BIBLIOTECAS - FUST

Como já exposto, a transmutação da informação leva ao conhecimento, na acepção da palavra. Entre os fatores que distinguem os países desenvolvidos dos em desenvolvimento (agora chamados emergentes) está o acesso à informação. De fato, os países desenvolvidos possuem acesso mais rápido às diversas fontes de informação científica e tecnológica. Este desenvolvimento não traz somente benefícios sociais, mas também benefícios econômicos advindos da ampliação de oportunidades de educação, formação profissional, da diminuição do desemprego, do desenvolvimento dos setores produtivos, etc.

Os países em desenvolvimento, bloco onde o Brasil está incluído, ainda caminham nesta direção. Muitos ainda buscam a sua autonomia política, como o Timor Leste, entravada por guerras internas. Com baixos Ìndices de Desenvolvimento Humano e Qualidade de Vida, estes países não possuem sequer condições econômicas de investir na área de disseminação da Informação.

Mas outros países em desenvolvimento, como o Brasil, estão lutando para levar aos seus cidadãos a universalização da informação. Com o apoio de entidades como a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o Brasil busca fazer parte dos que fazem um acompanhamento simultâneo do que acontece no mundo, isto é, têm acesso ao conhecimento.


Durante a vigência de Fernando Henrique Cardoso como Presidente da República (1994-2002), diversas ações foram planejadas em busca da democratização do acesso à Informação no Brasil.

Como já citado anteriormente, sendo a tecnologia o cursor que leva as informações aos seus destinatários, o Ministério das Comunicações planejou e desenvolveu diversos programas com os recursos do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações - FUST, recursos estes captados nas operadoras destes serviços e sem ônus para os usuários. O FUST foi criado para implementar a política de instalação e manutenção de infra-estrutura de telecomunicações e informática, já que este é o caminho necessário para difundir o conhecimento.

O programa principal contempla as áreas de educação (informatizando e conectando a Internet todas as escolas de ensino médio e profissionalizante do país), saúde (possibilitando acesso mais rápido e eficiente aos serviços públicos de saúde, como as centrais de captação de órgãos e transplantes por exemplo), bibliotecas e segurança pública, promovendo a conectividade de áreas remotas e de fronteiras, de interesse estratégico e propiciando o acesso de portadores de deficiência física às novas tecnologias.

Em parceria com os Ministérios da Ciência e Tecnologia e da Cultura, juntamente com o Programa Comunidade Solidária, o Ministério das Comunicações instituiu o Programa Sociedade da Informação, na proposição do Programa Bibliotecas do FUST, onde busca criar uma grande rede informatizada de mão dupla e conectada à Internet, com mais de quatro mil bibliotecas públicas (federais, estaduais e municipais) e mais de cinco mil bibliotecas do chamado Terceiro Setor (composto por ONGs e bibliotecas comunitárias).

O Ministério da Ciência e Tecnologia é o responsável pela articulação de ações que visam viabilizar os vários tipos de serviços que poderão ser disponibilizados pelas bibliotecas, tais como catálogo eletrônica, biblioteca virtual, centro cultural virtual, automação de bibliotecas, digitalização de conteúdos, consulta em catálogos e bibliotecas à distância, navegação na Internet e intercâmbio de informação entre bibliotecas, como, por exemplo, intercâmbio de documentos pela web e/ou pelo correio eletrônico.

Desse modo, uma pequena biblioteca na Amazônia vai poder acessar e receber conteúdos da Biblioteca Nacional, da mesma forma que poderá enviar conteúdos seus, da cultura local, para compor o acervo da mesma Biblioteca Nacional.

O Ministério da Cultura terá as atribuições de acompanhar, avaliar e sugerir alternativas para as políticas do livro, da leitura e da biblioteca, em colaboração com a Fundação Biblioteca Nacional e com outras instituições nessa área.


Diagrama da Disseminação da Informação no Brasil


AS NECESSIDADES PARA INCLUSÃO DIGITAL

Para onde vamos, no que se refere à inclusão social e digital em um País com tantas diferenças sociais, culturais e filosóficas. O que é necessário para que esse quadro mude na nossa sociedade? Como podemos enfrentar barreiras e transpor barreiras para transformar a verdadeira Sociedade da Informação no Brasil? Algumas dessas necessidades e outras ações nos podemos citar como:

 


· disponibilizar pontos de acesso em toda cidade com mais de 50 mil habitantes

· implantar mecanismos de acesso à Internet via linha telefônica fixa, a custos mais acessíveis do que de interurbano normal, em todas as cidades do País;

èÉ necessário produzir e disponibilizar no mercado brasileiro dispositivo (hardware + software) de baixo custo;

è É necessário promover a implantação de serviços de acesso público à Internet, que deverá ser pelo público promovido por:

- pelo menos 2000 bibliotecas públicas;

- pelo menos um centro comunitário por município, como parte de uma estratégia de global

è É necessário oferecer mecanismos de

è avaliação e oportunidades de treinamento básico em Informática em larga escala.

OUTRAS AÇÕES PARA ATINGIR O ANALFABETISMO DIGITAL

Várias ações podem ser criadas para se acabar com o analfabetismo digital no País.O governo pode criar e promover vários itens para modificar este quadro que são:

· Criar e disponibilizar na Internet um banco de dados de equipamentos que estejam em desuso, mas ainda operacionais, disponíveis para doação por empresas ou instituições, ou mesmo pessoas físicas, para destinação social.

· Criar portal de assistência para o iniciante na rede;

· Criar infotecas nas escolas, incentivando novos esquemas de formação e de relacionamento da comunidade escolar com as famílias;

· Estimular e capacitar as comunidades a gerar seus próprios conteúdos na Internet, com ênfase em formação para a cidadania.

· Promover a concepção local, a fabricação nacional e a comercialização de computadores voltados primordialmente para o acesso à Internet (netcomputers) com custo baixo de R$ 1.000,00 para configurações iniciais (SOCINFO, 2000).

CONCLUSÃO

Nos países desenvolvidos, a utilização das tecnologias da informação, do conhecimento e das inovações como instrumento para obtenção de vantagens competitivas já permeia quase todos os setores, inclusive os tradicionais, como a agricultura e as indústrias de bens de consumo e de capital. A competição é cada vez mais baseada na capacidade


de transformar informação em conhecimento e este, em decisões e ações de negócio. O valor dos produtos e serviços nessa nova sociedade depende cada vez mais do percentual de inovação, tecnologia e inteligência a eles incorporados.

As mudanças de paradigmas, trazem muita perplexidade: os velhos conceitos já não explicam a realidade e os novos ainda não estão maduros o bastante para se tornarem o novo padrão. A única certeza é de que precisamos de uma nova teoria que reconheça o conhecimento como o principal fator de agregação de valor na nossa sociedade. Os cursos e as teorias tradicionais de administração só conseguem dar conta da gestão dos fatores clássicos de produção: terra, capital e trabalho. Sabemos como medir, avaliar e fazer o balanço patrimonial de uma empresa, mas agora necessitamos de metodologias e critérios que nos permitam medir, avaliar e gerenciar o capital intelectual e os ativos intangíveis das organizações. Ou seja, que nos permitam gerir o conhecimento.

A versão da Sociedade da Informação Global, mais uma vez oferecendo uns poucos e pequenos programas-piloto para promover a universalização dos serviços, ao mesmo tempo em que vigorosamente davam seguimento a políticas liberalizadoras que obtiveram grande sucesso em desnacionalizar a indústria de telecomunicações e que estão tendo continuidade na área dos meios de comunicação, de uma maneira mais geral.

Neste sentido, a "Sociedade da Informação" é uma invenção das necessidades capitalistas da globalização e dos governos que financiam estas necessidades. Ao mesmo tempo em que houve, como resultado deste processo, um crescimento do acesso a serviços de informação em muitos países do Sul, este crescimento está restrito a áreas urbanas e a regiões que representam mercados mais lucrativos - e a maioria acabou por encontrar-se no lado menos privilegiado de uma crescente "Brecha Digital".

NOTAS

* Bibliotecária da Biblioteca de Manguinhos (FIOCRUZ) - Aluna de Pós-Graduação da Universidade Cândido Mendes. Coordenadora da Biblioteca São Jerônimo

** Bibliotecária - Chefe da Biblioteca de Manguinhos - Mestre

*** Assistente Social (Organização e Métodos Atendimento ao Usuário da Biblioteca São Jerônimo)

**** Bibliotecária da Biblioteca do Escritório de advocacia Pinheiro Neto - Aluna de Pós-Graduação da Universidade Cândido Mendes.

1 As principais fontes são os periódicos, relatórios técnicos, manuais e patentes, mas o conceito de fonte de informação pode abranger manuscritos, obras de arte, peças museológicas e outras que confirmem qualquer conhecimento (CUNHA, Murilo Bastos)

2 Valores atribuídos por Organizações Internacionais onde se mede diversas taxas, tais como mortalidade infantil, expectativa de vida, analfabetismo, urbanismo, etc.

3 O FUST foi instituído pela Lei nº9.998, de 17 de agosto de 2000 e regulamentado pelo Decreto nº 3.624 de 05 de outubro de 2000. O uso destes recursos é definido pelo Ministério das Comunicações e sua


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